/Comentário de Maria Leonor Solimano

Comentário sobre a apresentação de Jorge Forbes no 6º Congresso da Associação Mundial de Psicanálise: MAKTOUB? A influência da Psicanálise sobre a expressão dos Genes.

Buenos Aires, 22 de abril de 2008.

A esta breve intervenção chamaria: intervir sobre o gozo para desautorizar o sofrimento ou não deixar o sujeito abandonado em seu gozo.

Estamos expostos aos avatares dos fracassos da ciência, posto que, graças aos seus restos, às surpresas e paradoxos de seus êxitos, a psicanálise avança. Porque, com suas incessantes pesquisas e sua ilimitada produção de objetos, a ciência e a tecnologia nos levam a revolucionar a vida e a nos perguntar quais as chances para a psicanálise.

Tomarei a vertente da Influência da Psicanálise sobre a expressão dos genes.

Com o objetivo de desautorizar o sofrimento de pessoas que tem uma enfermidade neuromuscular, Forbes nomeia o laço social de vírus RC, fazendo alusão às iniciais da posição de resignação em que se mantém os pacientes, e de compaixão, que é o sentimento que surge em suas famílias, pensando que a psicanálise poderá combatê-lo.

Frente ao diagnóstico de sua enfermidade, o sujeito, em primeira instância se antecipa ao sofrimento e isso facilita a aceleração da enfermidade anunciada. Em segundo lugar, na família do paciente surge a compaixão, que esconde, segundo descrito no trabalho, uma acomodação indiferente.

O objetivo é que a psicanálise, em toda sua potência, faça vacilar os semblantes, inclusive aqueles da dor.

Uma das hipóteses do trabalho é que a psicanálise possa influenciar a expressão dos genes que modulam os neurotransmissores, isto é, os fenótipos, e desempenhar um papel sobre a rapidez de progressão da enfermidade. Devido a que nem tudo está escrito, isso definiria a condição de possibilidade do exercício da psicanálise, alcançar o significante mestre, revelar sua pretensão de absoluto, fazê-lo cair e substituí-lo pelo que resulta da marca do sujeito do inconsciente sobre as bordas do corpo, o objeto a.

Isto depende nada menos que do encontro com um analista.

É o casamento de um guarda-chuva com uma máquina de costura.

Tradução de Teresa Genesini